segunda-feira, 14 de março de 2011

o que mobiliza essa pesquisa

Aos poucos esboçam-se as inquietações que me levam a escrever essas palavras e colecionar imagens.
Dança e Psicanálise - espaço que deixou fermentar essas questões na companhia de parceiras que navegam por esses mares.

O Contato Improvisação e o que essa prática e os encontros que vivo ao práticá-la movem em mim.

As Jams de Contato Improvisação. O espaço de múltiplas possibilidades aberto.
A inexistência de um mestre, coordenador, direcionador, diretor, guia estabelecidos.
Relações que acontecem no possível de estar com os outros, apenas.

O que mobiliza alguém a frequentar esse espaço?
Ele se insere em que campo da cultura?
Uma prática social, como um baile de dança de salão?
Um espaço de trabalho corporal, como uma ginástica?
Uma espécie de espetáculo no campo das artes?
Quem são os artistas?
Onde está a cena?
A coreografia?

O que determina esse espaço?
A única coisa que determina esse espaço é o local e o tempo de duração. O que irá acontecer? Quais são as regras? O que esperar de uma jam? Quem começa a mover-se? Como mover-se?
Nada disso é explicíto. Será que essas determinações existem?
Como elas se organizam?

Nada está dado e declarado como dado.
Tudo é possível.

Muitos artistas do corpo utilizam a improvisação como um recurso para uma performance.
O que difere essa utilização do espaço que a jam cria enquanto uma prática social e cultural?

Mas, o que liga essas pessoas?
O que elas compartilham?

O que move as pessoas a frequentarem jams?

Diante dessas inquietações, saio a conversar e colecionar falas...
MInha proposta é postar o resultado dessas conversas juntando reflexões ao longo do caminho.

Bem vindo! Contribuições a partir desse blog são muito bem vindas também!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Precioso momento

Chego num lugar grande
amplo.
Meu corpo já se altera de estar naquele lugar.
Uma antiga usina. Hoje, um lugar que promove eventos, encontros.
Tombado.

A jam se inicia.
Corpos se alongam. Deitados, em pé, andando.
Não sei o que acontecerá nas próximas horas.
A dança já começou.
Um corpo se aproxima de um outro.
Alguns se olham.
Outros se voltam para si.
Eu alterno essas duas posições.
Expectativas?
Percebo que preciso chegar em mim.
Me faço uma pequena massagem com movimentos e penso que talvez, possa dançar comigo para mim por alguns instantes e que talvez esses instantes possam durar muito tempo. Talvez o tempo todo daquele encontro.

Nada é preciso.
Eu não preciso fazer nada.
Não é preciso fazer nada.
No entanto, ali estamos.
Todos.

Segue, em fotos, breves vislumbres do que aconteceu naquele dia, naquele lugar, naqueles corpos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

prazer do corpo mover-se

Mover o corpo
Começo sentindo ossos
apoiados no chão
menos e mais evidentes
ao esvaziar e preencher-me de volume

um dedilhar
pequenas oposições
um dedo que
torce
estica
solta
provoca
sucumbe
explode
gira
repousa
e leva o resto das partes
ininterruptamente
a respiração ganha ritmo próprio
mais intenso
e segue
contínua

Tudo circula
bombeia
vivo em mim
viva

O prazer de mover-se. Prazer físico, polimorfo, ou extremamente especializado.
Prazer de mexer, estados que mudam, deixar-se cair. Rolar e seguir.
Que prazer é esse?